Você vive ou vegeta?

                                        Tentei me analisar. Qando vivo ou quando estou
              vegetando.
                                        RETROSPECTIVA:- Vegetei anos a fio. Levan-
              tava de manhã, fazia várias tarefas ao mesmo tempo.      Tomava
              meu café em pé, arrumando sacolas, falando o tempo todo, dava
              ordens, organizava tudo ou quase tudo... kkk.  Saia antes da sete
              horas para o trabalho, seis horas dentro da sala de aula,  não pa-
              rava no intervalo, sempre  dava  um reforcinho a criança que não
              acompanhava os demais. Voltava para preparar o almoço, engo-
              lia, arrumava  minhas  pequenas  para escola e voltava para com-
              pletar minha jornada de trabalho.   Chegava em casa, ja era hora
              do jantar, aquecia a ceia e cada um se alimentava quando queria,
              pois as dezoito horas e trinta minutos estava na minha porta o pri-
              meiro aluno para aulas particulares e assim  atendia até as vinte e
              duas horas. Esta era minha rotina semanal até sexta-feira. Sábado
              não podia perder tempo, estava disponível para minhas freguesas
              de cabelereira, e aos domingos, costurava para algumas amigas.    
              Esta era minha rotina.    Por anos a fio meus olhos só direcionava
              para o relógio. Então digo: eu vegetava, vegetei  por tempo inde-
              terminado.    Não vi o tempo passar, achava  que era feliz  e que
               fazia os meus felizes.   Poucos eram os momentos que partilhava
               bons filmes com minha família e minha irmã Mércia.  Não conse-
               guia desacelerar-me.
                                       Não tive qualidade de vida, não dei qualidade de
              vida para  meus tesouros., meus sonhos  de infância, não priorizei
              as pessoas mais importantes da minha vida.    Quando vegetamos
              nos tornamos pesada carga à todos que nos rodeiam. Não perce-
              bemos a importância do ser,e egoísticamente só damos crédito ao
              ter. Talvez seja por um complexo arraigado na infância, por com-
              plexo de inferioridade, por algum trauma de discriminação, quem
              sabe.
                                      Mas nunca é tarde.   Sempre Deus está atento às
              nossas necessidades,  fisícas, psiquicas e emocionais,  nos dando
              oportunidades  para  refazer  o que  nos foi negado, basta querer-
              mos e estarmos dispostos às mudanças necessárias para ter con-
              ções de uma vida melhor, para si e para aqueles a quem amamos.
                                     Aprendi  o que é viver, controlar as tensões do dia
              a dia, convivo  com minhas emoções de maneira simples e natural.
              Tenho horas  de leitura, gosto de cantar e canto no coral da igreja,
              louvando o Senhor.   Ouço  boas  músicas, assisto  bons filmes  e
              até em dose dupla, degustando cada cena, pinto telas, descompro-
              missada com o te. Viajar sem  horário de saída ou chegada, curtir
             estrada e natureza.
                                    Amigos  como são bons!  Papos descontraídos, as-
             suntos  diversificados,  um  bom  vinho, uma  cúmplicidade com  o
             meu amor, dengar nossas filhotas, pedalar  minha bicicleta, sentir o
             vento  no rosto, observar  as  pessoas e sentir que também sou ob-
             servada, uma sex... rsrsrs..., com jeito de adolescênte.   Aprendi a
             viver, a conviver com  o homem, com os bichos e a natureza, por-
             que  aprendi  o que é o amor  e estou  me amando,   sem ser indivi-
             dualista, valorizando cada dia a linda família que tenho, meus amigos.
                                   Hoje só por hoje, assim é meu lema. Estou feliz com
             este encontro comigo mesma.